O ecossistema de inovação de Israel é reconhecido internacionalmente como um dos mais vibrantes e dinâmicos do mundo. O país que possui o tamanho de Sergipe – o menor estado brasileiro, vem ano a ano mantendo uma posição de destaque entre os países mais inovadores do globo. De acordo com dados do último levantamento da Global Innovation Index (GII), realizado entre 2020 e 2023, Israel ocupa o 14º lugar entre 132 economias e o 13º lugar entre os 50 grupos de economias de rendimento elevado. Os números são impressionantes e apontam ainda o país como um líder em inovação, classificando-o entre os 25 melhores, além de ser o que mais possui resultados de inovação em relação ao seu nível de investimentos no setor. Israel ocupa também uma das posições mais altas em Conhecimento e Tecnologia (5ª), Sofisticação de Negócios (6ª) e Sofisticação de Mercado (11ª).
Este sucesso contínuo não só demonstra a resiliência do ecossistema de inovação do país, mas também oferece uma fonte rica de lições para líderes globais que buscam impulsionar a inovação em suas próprias organizações e países. Essa é uma nação que possui em suas raízes uma cultura empreendedora única, impulsionada pela mentalidade de “chutzpah” (que significa audácia), no qual o risco é abraçado e o fracasso é visto como uma oportunidade de aprendizado. Isso cria um ambiente propício para a inovação e o desenvolvimento, características importantes no processo de transformação de qualquer negócio.
Ainda no campo cultural, não posso deixar de mencionar a prontidão e o rito de passagem. O serviço militar obrigatório em Israel não é apenas uma obrigação legal, mas também um rito de passagem profundamente enraizado na sociedade. Durante esse período, os jovens israelenses desenvolvem habilidades cruciais, como liderança e resiliência, que são essenciais para o sucesso no ambiente empresarial. Os líderes de inovação podem aprender com esse modelo, reconhecendo a importância de cultivar uma cultura organizacional que valorize a prontidão e a adaptabilidade.
Na área de pesquisas, o país vem investindo constantemente na conexão entre universidades e empresas, um modelo de parceria que desempenha um papel fundamental no sucesso do ecossistema de inovação de Israel. Com isso, instituições acadêmicas, como o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Tel Aviv, por exemplo, desempenham um papel crucial na transformação de pesquisa em produtos comercializáveis, impulsionando a inovação e o empreendedorismo. Os líderes de inovação podem aprender com essa abordagem, incentivando parcerias estratégicas e programas de incubação para acelerar o desenvolvimento de novas soluções.
O famoso app Waze, usado por grande parte dos brasileiros, foi fundado por Uri Levine, Ehud Shabtai e Amir Shinar em 2006, e exemplifica a eficácia desse modelo de colaboração adotado entre universidades e empresas privadas de Israel. Uri Levine, ex-aluno Technion, foi inspirado pelo ambiente de inovação durante seus estudos em Engenharia de Computação. Após se formar, Levine uniu-se a outros talentos, incluindo ex-militares israelenses, para desenvolver o Waze, utilizando tecnologias de mapeamento e crowdsourcing avançadas. Essa conexão entre academia e setor privado foi crucial para transformar a pesquisa em produtos comerciais, demonstrando o papel vital das universidades na promoção da inovação.
O fomento ao empreendedorismo e à colaboração não param por aí! A cultura empreendedora em Israel é conhecida mundialmente pelo compartilhamento de ideias entre empreendedores, acadêmicos e empresas. Iniciativas como a Unidade 8200 e programas de mentoria incentivam a troca de conhecimento e experiência, impulsionando a inovação e o crescimento econômico. Essa é, sem dúvida, uma das importantes lições que os líderes de inovação podem aprender com esse modelo, promovendo uma cultura de colaboração em suas próprias organizações, favorecendo espaços de compartilhamento de ideias e opiniões.
Transformar a adversidade em vantagem competitiva é um exemplo cultural de inovação importante desse país que enfrenta desafios únicos, como escassez de recursos naturais e instabilidade geopolítica. Essas adversidades foram os fatores que estimularam o desenvolvimento de soluções inovadoras em setores como agritech e segurança cibernética. Na agricultura, por exemplo, a escassez de água e terras aráveis levou os empreendedores israelenses a desenvolverem tecnologias avançadas de irrigação, cultivo em ambientes controlados e técnicas de otimização de recursos. Essas soluções não apenas permitem que Israel produza uma quantidade significativa de alimentos em um ambiente desafiador, mas também impulsionam a exportação de tecnologias agrícolas para outros países que enfrentam problemas semelhantes. Lições exemplares sobre a promoção de uma cultura de resolução de problemas e adaptabilidade.
Referências:
https://sebraepr.com.br/comunidade/artigo/a-visao-de-inovacao-e-empreendedorismo-da-technion https://www.baguete.com.br/noticias/03/10/2019/modelo-de-inovacao-de-israel-licoes-e-oportunidades-para-o-brasilhttps://www.linkedin.com/pulse/o-que-podemos-aprender-com-ecossistema-de-inova%C3%A7%C3%A3o-em/https://www.insper.edu.br/noticias/por-que-israel-tem-um-dos-melhores-ecossistemas-de-inovacao-do-mundo/